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gamente screvi aos quaes tenho mandado o que entretanto farão e assi ao Isac Becudo em Alepo Vossa Alteza me deve avizar do que ha por seu serviço eu faça nestas materias.

Da vinda da armada do Turco e do que alli fez escrevi como tenho ditto por via de Andre Telez e o que daquellas armadas e fortaleza depois se sabe he o que Vossa Alteza vera pellos avizos que com esta mando os quaes em alguas partes se contradizem, mas não avendo do acontesimento outra certeza ate gora de sustancia dessa se pode bem colligir a grandeza do dezastre e a possibilidade dos immigos pera emprenderem mayores cousas achando na christandade tam pouca resistencia e tal desposissão para sofrer injurias: obviar a esta armada do Turco an todos por impossivel neste anno e com esta advinta (sic) he o caso muito mais lamentavel creo que ou o medo aos turcos he grande com rezão ou não se entende bem que pode pellejar com elles com outros navios quem não poder ajuntar tantas galles, e visto agora o danno que esta armada podia fazer em outras partes seria ditta occupar sse no serco daquelle forte dos Gelves por gastar alli o tempo do verão mas do que ella fara se não entende inda cousa a que se possa dar feé.

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O papa fica de saude e com os casamentos de seus sobrinhos que escrevi a Vossa Alteza concluidos e mais dous de huas irmaãs de Borromeo que não são parentes do papa por serem filhas doutra molher depois da morte de sua irmaã e casão com pessoas ricas e principaes de Millão. Anda ao prezente Sua Santidade occupado em castigos e prisões de cardeais, e comesou os dias passados com mandar meter preso no castello de Sanct Angello ao cardeal de Monte e com muita rezão pellas desordens e mao governo de sua vida e costumes e assi em sete do prezente chamando todos os cardeais para consistorio depois de entender estavam todos no lugar onde avia de ser, antes que decessem abaixo mandou por hum camareiro chamar o cardeal Carrafa que sobisse para lhe fallar, o qual foi sem sospeita et na anticamara o entretiverão e dahi a pedaço tornou pello mesmo camareiro chamar o cardeal de Napolles o qual chegado onde estava Carrafa disse a ambos o senhor Gabrio irmão do cardeal São Jorge que Sua Santidade lhes mandava se fossem presos ao castello, e emquanto se isto tratava no paço foi o governador de Roma com o fiscal a casa de Carrafa onde o duque de Paliano seu irmão era chegado de mui poucos dias para conclusão doutros negocios e da recompensa que se lhe avia de ordenar do estado e dali o levarão ao mesmo castello em hum

coche o ditto governador e fiscal sem mais estrondo, nem rumor, são presos os secretarios, mestres de casa e outros servidores destes senhores que serão em somma ate xv ou XVI pessoas da prisão destes cardeais e o duque recebeu o povo romão grande contentamento e por essa rezão he o negocio approvado ao papa por todos e contraditto por ninguem. Eu fui ao outro dia pella menhaã visitar Sua Santidade do trabalho destas revoltas, elle me deu conta do que era passado e que ao cardeal Carrafa mandara prender por hum processo que elle com os seus aderentes fizerão em tempo de papa Paulo seu tio contra El Rey de Castella e o Emperador seu pay em que lhe punhão querião matar o papa e a elles com peçonha e justificando este processo com mortes de homens que pera prova do caso justificarão fizerão aquella guerra passada de que tantos dannos erão seguidos a culpa dos quais carregavão a Carrafa, e e por elles e pello que alevantou a estes principes merecia gram castiguo, e por isso e por outras muitas insolencias è graves culpas apontando muitas e mui inormes que no tempo daquelle ponteficado fizera não podia escuzar de o castigar solicitado de muitas queixas que pellos offendidos cada dia delle lhe davão e que ao duque seu irmão mandara tambem prender pello modo de que matara sua molher e ao sobrinho seu depois de sangue frio, e por muitas tirannias, roubos, e graves e feos crimes que no tempo que governou cometeo, e quanto ao cardeal de Napolles elle achava por conta certa faltarem da fazenda e dinheiro do papa passado cem mil cruzados, a conta do qual tocava ao ditto Napolles, e que avendo elle primeiro amoestado por sim e pella bulla que em geral para o mesmo caso passou e negando tudo em sua deposição era necessario aclarar isto e restituir se tal roubo. A todos estes cardeais e duque forão as casas buscadas e tomados seus papeis, e escrittas as fazendas, e na de Napolles acharão alguas peças de papa Paulo que elle tinha negado, e assi mais dinheiro do que tinha confessado que fazem o seu caso mais culpavel parece que todos passarão trabalho assi pella calidade dos crimes que lhe poem como pellos muitos imigos que tem, e de necessidade avem de ser destes os juizes e inquisidores e testemunhas, e todos offendidos delles ou de seu tio; o papa diz usara de misericordia entende sse que lhe não tocara nas vidas, mas que as dignidades e fazendas correm o risco. Sua Santidade me disse desse do que nisto passava conta a Vossa Alteza as mudanças do mundo são grandes e nesta terra mui continuas, e os juizos de Deos nunqua faltão e poucas vezes deixa sem castigo as insolencias.

Sua Santidade tem por camareiro dos quatro secretos ao conde Ranier de Ranieri de Terni e he dos favoridos e pede para elle o abito de Christo, e manda me que eu o solicitte com Vossa Alteza. Nomeando o papa e sendo tal o comendador escusadas devem ser pallavras para persuadir Vossa Alteza a concessão da merce soomente digo que deve de estimar em muito ter lhe Sua Santidade tal respeito que sendo senhor das ordens pede o abito quem o podia per si dar portanto Vossa Alteza em todo caso deve mandar com grande brevidade a provisão para se lançar logo o ditto abitto antes que se enfadem speralla e tomem a licença per si.

Os outros abittos em que tem escritto Borromeo e o cardeal Cicada e Ferrara e Florença com Santa Flor me affirmo que deve Vossa Alteza mandar pellas rezões que escrevi e por não ser desordem dallos a tais pessoas e inda que todos os cardeais ajão de pedir o mesmo antes o averia por bem que por inconveniente, e he' ditta em lugar de pensões poder grateficar todo o collegio com o que não custa dinheiro, e se estima em muito e se os virem negar provell os ha o papa com justas causas que elles contra mim allegarão, eu estou affeiçoado a este officio porque no dia que dei a obediencia se vestirão os que aqui avia muito bem e me acompanharão com muito lustro como criados de Vossa Alteza e são todos pessoas que fazem honrra a ordem e por essa obrigação me inclino a não poder negar a intercessão a pessoas tão principaes como são os cardeais que o requerem.

Dei a obediencia a Sua Santidade em nome de Vossa Alteza em 20 do passado, como ja tenho escritto, e se outrem fizera este acto podera eu escrever as partes boas que teve pellas quais se satisfez a todos muito, e Vossa Alteza foi servido com muita authoridade e o papa muito contente e assi o mostrou naquelle ponto, e depois em muitas pallavras, mas sendo a obra propria perco o officio de escrevell a encomendando me aos maldizentes, a oração que se fez e o que Sua Santidade ali me mandou responder pello bispo Fior de Bello seu secretario nos tais autos mando com esta a Vossa Alteza e na reposta vera o creditto que se deu as pallavras da oração e a estima em que se qua tem ás empresas de Vossa Alteza. E porque era necessario naquella oração appontar sse a pessoa per quem Vossa Alteza a mandava dar e vendo os titollos que todos os outros reis poem em suas cartas de crensa que publicamente alli se leem aos ministros que an de dar as dittas obediencias não devendo eu por os do sangue

com Vossa Alteza pus os do serviço mais socintamente que foi possivel e dessa maneira nem o acto perdeo autoridade nem o orador o estillo. Elle foi Aquilles Staço portuguez e asaz docto e nessa conta tido nestas partes reprezentou e fez o que lhe toquava muito bem.

Os portuguezes que qua andão e tem algua possibilidade se sforçarão para me acompanharem e pera isso se vestirão e ataviarão todos muito bem e alguns derão librés aos criados e tudo fizerão tam bem e com tanto gasto cada hum em sua calidade por servirem Vossa Alteza e por honrra da nação que lhes estou e fico em grande obrigação pella parte que me coube. E por essa e pella em que tambem Vossa Alteza está peço com muita instancia me não mande executar cousa em danno dos que assi servirão não socedendo desserviço notavel de Vossa Alteza porque não terei lingoa nem mãos para os desfavorecer em demandas e pertenções com particullares, e bastara porme de fora por não empedir a justiça a quem a tiver e sou eu tão contrario a entremeter me em littes, e a offender a algem que sem este achaque procurarei quanto em mim for a que Vossa Alteza me escuse do trabalho e scrupullo que isso daa. Outras materias mudarei a outra carta e nestas não ha que mais dizer. Nosso Senhor vida e real stado de Vossa Alteza guarde e acresente em seu serviço de Roma xi de junho 1560 1.

Carta de Lourenço Pires de Tavora
á Rainha D. Catharina

1560-Junho 12

Senhora-Despacho este correo pella rezão que na carta dEl Rey nosso senhor dou para em sua companhia mandar Vicente Pinto que vem da India e diz que com recado do Vizorrey Dom Costantino e com boas novas e faz dellas tão grande thezouro que não fiou nenhua parte dellas de mim queira Deos sejão tais como elle dá a entender. Não o mandei tanto que elle chegou pellas rezões que aponto na carta de Sua Alteza e porque nella escrevo largo tudo o que qua ha para poder dar conta a isso me remetto e nesta não ha que mais dizer senão pedir a Vossa Al

Copia, na BIBLIOTH. D'AJUDA, Cartas de Lourenço Pires de Tavora, fol. 101.

TOMO VIII.

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teza me mande responder com brevidade a muitos negocios a que cumpre saber a mente dEl Rey e assi ao que toca a mim para cu me poder determinar com tempo no que devo fazer avendo o papa de hir a Bolonha com as primeiras agoas de agosto como affirma. Pello que escrevo a Sua Alteza vera Vossa Alteza em que trabalho sera posto meu irmão chegando as naos deste anno sem remedio para a sentença que contra elle he dada, como eu por muitas cartas pedi a El Rey e a Vossa Alteza fez lhe danno para aclarar a justiça do seu requerimento estar eu servindo absente, não posso deixar de me doer muito não terem meus serviços algum previlegio com que meus filhos e os que de mim dependem ouverão por bem empregado o gasto de minha vida e fazenda e avendo em Vossa Alteza tão grandes partes de virtude e justiça deve ser mayor o meu sentimento das merces que se me negarem servio meu irmão naquella empreza de Damão com doze ou treze navios de remo segundo me escreve a sua custa, tem servido com sua pessoa na primeira vez que foi a India no serco de Dio e em outras partes com tanto sforço e tão assinaladamente que guem lhe fez evantagem foi o menos agalardoado de todos e dessa satisfação he privado e se se pudesse preguntar aquelle Rey de boa memoria que aquella ordenação (sic) certo esta que responderia não ser com tenção de offender os tais serviços como os de Garcia Rodrigues principalmente aos que não tivessem noticia de tal Rey (sic). Nosso Senhor lhe de a sua gloria e vida e real estado de Vossa Alteza guarde e acresente em seu serviço de Roma xi de junho 1560 1.

Carta de Lourenço Pires de Tavora
ao cardeal infante

nin

1560-Junho 12

Senhor A causa do despacho deste correo e assi o que qua ha para escrever em negocios e novas entendera Vossa Alteza pellas que escrevo a El Rey nosso senhor fica me soomente a dizer nesta o que toqua a inquisição porque me parece materia para se não dever tratar em publico. Escrevi em xx do passado a Sua Alteza serem aqui chegadas pes

1 Copia, na BIBLIOTH. D'AJUDA., Cartas de Lourenço Pires de Tavora, fol. 173.

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