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que se ja teve de ella alli ser necessaria em tudo ha inconvenientes, mas o que elles cuidão estaa bem entendido e sempre se deve considerar se sera bom tomar o conselho do receo dos imiguos porque posto que elles sempre tevessem tenção aas cousas da India o tempo com o cresimento do poder de Vossa Alteza naquellas partes os tem ensinado a lhes ser necessario resolveren se naquella empresa e creo que quando a cometerem sera com muito mais esforço que pello passado portanto não cumpre estarmos lá descuidados nem negocio tam importante encomendallo somente a ventura o turco esta tão occupado nas deferenças de seus filhos que tira algum receo deste anno mas quanto maes esta guerra o faz chegar ás partes da Persia tanto de mais perto vae o que soomente lhe falta para ser senhor do mundo, e emquanto o tempo nos der tempo deve Vossa Alteza mandar prevenir des a mayor cousa athe a maes pequena e em tudo aver tal desposissão e ordem que não ache o adversario a facilidade que nesta empresa lhe dão a entender quando a quizer executar.

Por essas cartas de Thomas de Cornoça e por outras muitas vias se entende faz o turco com muita pressa hua grossa armada pera mandar a estas partes. Tambem se cuida que pello muito que tem para fazer na guerra entre os filhos não sera a ditta armada com tanto esforço como elle tem desegnhado fazer no primeiro anno que tiver asosseguo e a que neste mandar sera para a defesa dArgel de que neste veral se receão e pera correr estas costas e danejar no que poder afrontado dizem da armada del Rey de Castella que os dias passados hia a Tripoli, a qual inda lá não chegou nem se sabe já o que fara porque está ate guora em Malta dizem que esperando por tempo onde lhe morreo e adoeceo muita gente, e parece que se impossibilitou para poder servir no verão, e está tão manifesto o erro de se emprender esta expugnação de Tripol no coração do inverno que faz sospeitar aver nisso outro segredo a outro effecto o tempo o descubrira. E porque vindo a ditta armada do turco como se tem por certo o receo della pode chegar ate Cepta e Tangere e por ventura passar as portas do estreito, bom será com tempo e commodidade mandar prover em tudo pois assi se farão melhor e com menos gasto que na força do accidente porque muitas vezes estar alerta antes do perigo importa tanto ou mais que a grande despeza na derradeira necessidade.

Tendo nesta fallado no estado da India não será fora de proposito lembrar a Vossa Alteza que acabando sse agora o contrato da especearia como tenho entendido se devião spermentar e seguir por alguns annos o

parecer e desejos de todos os vassallos de Vossa Alteza em abrir a venda da pimenta a todos os que a quizerem hir buscar a essa cidade os proveitos disso são mui claros e praticados e por isso os não aponto, o conselho he dos mesmos mercadores que desejão não se effectue porque não se pode encobrir o bem que disso resultaria e ninguem ao prezente espera outra detreminação mas se por nossos peccados se acharem causas e necessidades para isto não poder ser e se ouver de fazer contrato de novo o que Deus não mande Vossa Alteza ouça os estrangeiros que nisso podem entender, queira competidores (sic) e consideradas as utilidades de todas as partes escolha o que lhe melhor estiver porque alem de estar certo desta maneira aver de crecer nos preços e melhorar de condições teria Vossa Alteza o dinheiro dos outros reynos no contrato e o dos seus nas necessidades com menos cambios. Nesta materia ha muito que dizer inda que ja por vezes seja praticada e nunqua approvada Deus sabe as causas, os successos e dannosa speriencia devem agora ser os principaes votos do conselho. Nosso Senhor que he a verdadeira sabedoria o dee em tudo a Vossa Alteza e sua vida e real estado guarde e accresente em seu serviço de Roma 14 de fevereiro 15601.

Carta de Lourenço Pires de Tavora
á Rainha D. Catharina

1560-Fevereiro 14

Senhora-Tera Vossa Alteza tanto que leer nas que escrevo a elRey nosso senhor que sera escusado tratar nesta de al senão pedir a Vossa Alteza que considerando bem tudo o que apponto naquellas cartas proveja como vir que cumpre a todas partes e ao que qua toqua, inda que por ventura seja o meu parecer differente doutros ministros antecessores se me deve creer o que digo pois por descuidos e desnecessarios receos damos ousadia a todo atrevimento.

Não digo isto para que se não proceda com toda modestia e acatamento devido a obrigação desta see appostolica mas para que com boas

1 Copia, na BIBLIOTH. D'AJUDA., Cartas de Lourenço Pires de Tavora, fol. 64.

e honestas demostrações se entenda que a obediencia he obediencia e não não poder outra cousa. Parece me que para o de Pombeiro o que escrevo a el Rey he o que cumpre e por essa via sem rumor nem estrondos e queixas publicas conhecerão o com que nesse reyno podem sair, e pella mesma maneira se deve proceder em quaesquer acontesimentos. Tudo Vossa Alteza considerara como cumpre e se espera e Deus ordenara para que tão soomente Vossa Alteza acresente muito nos estados e fazenda del Rey seu netto, mas authoridade e reputação sem a qual não são seguros os estados nem a fazenda.

não

Nos meus negocios particulares em que tenho escritto a Vossa Alteza spero reposta e confiado bastara o ditto e as auções o não torno a dizer. Nosso Senhor vida e real estado de Vossa Alteza guarde e acresente em seu serviço de Roma 14 de fevereiro 1560 1.

Carta d'el-Rei ao cardeal...

1560-Fevereiro 16

Reverendissimo in Christo padre que como irmão muito amo. Eu Dom Sebastiam por graça de Deos Rey de Portugal e dos Algarves daquem e dalem mar em Affrica Senhor de Guine e da conquista navegação comercio de Ethiopia Arabia Persia e da India vos envio muito saudar. Eu escrevo a Lourenço Pires de Tavora do meu conselho e meu embaixador que de minha parte vos diga a muita devação que tenho a religião dos Padres da Companhia de Jesus, e o muito que por meio deles louvado nosso Senhor a christandade se dilata em diversas provincias da conquista destes Reinos, muito vos rogo que lhe queiraes dar inteiro credito no que aserca disso de minha parte vos diser, e façaes o que vos requerer pera o que tocar ao bem da dita companhia e em singular prazer o receberey de vos. Reverendissimo in Christo Padre que como irmão muito amo noso Senhor vos aja sempre em sua santa guarda: escrita em Lisboa a 16 de fevereiro de 1560.-Raynha".

1 Copia, na BIBLIOTH. D'AJUDA, Cartas de Lourenço Pires de Tavora, fol. 167.

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Carta d'el-Rei a Lourenço Pires de Tavora

1560-Fevereiro (entre 16 e 22)

Lourenço Pirez de Tavora amiguo etc. Por Gregoryo Botelho que aqui chegou a xxi do passado receby as vossas carttas de xxx de dezembro e por via de Dom Francisco Pereira meu embayxador na corte de Castela receby asy mesmo as que mescrevestes amtes da partyda do dyto Gregoryo Botelho, e polas que ele trouxe soube como Noso Senhor fora servydo lembrar se da sua ygreja universal e dar lhe por pastor o cardeal de Medicis que para mim foram novas de muy gramde contemtamento asy pelas calydades que concorrem em sua pessoa como pelas boas obras que se devem esperar que ele faça em serviço de noso Senhor e boom governo da sua ygreja. E porque me pareceo devido ao muyto amor que Sua Santidade me mostra no breve que me emviastes e ao que mescreveys que nele conhecestes a primeira vez que lhe falastes depois de sua promoçam mandar despachar este correo e respomder por ele a seu breve e juntamente sygnificar lhe por vos quanto me alegrey com sua criaçam e eleyçam o fyz com toda delygencia posivel e nam me pareceo dever mandar pessoa de calydade a este efecto asy pelas rezões que em vosa carta apontaes como por quam bem me pareceo a merce que me Sua Santidade a vosa instamcia fez em nam mandar os dytos breves por pessoa sua pela dylaçam que necesaryamente ouvera daver em sua chegada a qual eu muito ouvera de sentyr pelo que tanto que chegar dareys loguo a Sua Santidade huua carta mynha (reposta do seu breve) que com esta vos envyo. e por vyrtude da cremça que no fim dela lhe peço vos dee lhe dyreys que com sua eleyçam e promoçam receby tam gramde contemtamento como era razam vemdo que aprouve a noso Senhor dar a sua ygreja e a toda christindade huum tal pastor qual se requeria em tal tempo esperando na sua gramde misericordia que asy como foy servydo de o chamar a tamanho lugar asy lhe aprazera que por ele e em seu tempo tenha a sua ygreja e toda a christindade o remedyo que requere a gramde necesydade em que ela ao presemte está, e que pelo muy gramde desejo que eu tenho de Sua Santidade poder de mim conhecer em tudo quanto contemtamento

receby com sua eleyçam e criaçam me pareceo mandarlhe com muita presa dar por vos aquela obedyemcia que os reys destes reynos sempre tyveram a samta see apostolyca istymando mays a brevydade de a dar que alguữa cerimonya em a dar e que beijo seus santos pees pelo que mescrevestes que Sua Santidade vos dysera acerqua de mym o que eu recebo em muy simgular merce, confiamdo que em tudo o que se oferecer Sua Santidade folgará de corresponder aos gramdes merescymentos dos reys destes reynos e serviços feytos por eles a santa see apostolyca e aos santos padres dos quaes tenho por muy certo que Sua Santidade tenha sempre a me morya tam viva como he razam.

Acabado de dyzerdes ysto a Sua Santidade e de vos ele respomder conhecendo nele que recebera contentamento em lhe dardes loguo mynha obedyemcia, ey por bem que lha deys na maneira em que vos mandava a deseys a papa Paulo 4o e porem parecendo vos meu serviço nam dardes por agora a dyta obedyemcia e dylatardel á, ey por bem que façaes nyso o que vyrdes compryr mays a meu serviço de que me avysareys por

Vossa carta.

Vy o que pasastes com Sua Santidade nas duas vezes que lhe falastes sobre a materia do nuncyo, e como Sua Santidade vos dysera que estava resoluto em mandar nuntyos a todos os reys, e vos lhe pedyreys que amtes de Sua Santidade se resolver no que tocava a este reyno vos quisese ouvyr as rezões que avia para Sua Santidade aver por escusada a vymda do dyto numtyo, e ouve me por servido de vos do que nyso fyzestes e disestes a Sua Santidade. E posto que tenha por certo que depoys de Sua Santidade vos ouvyr mays partycularmente e consideradas as causas que lhe aveys de presentar conteudas em vosa instruçam Sua Santidade folgara de me nam agravar loguo no pryncypyo de seu pontyficado em coussa em que tam grande escandalo todos meus vasalos e naturays receberiam e que nam poderiam deyxar de tomar muito mal, esperando eu pelo que me vos de Sua Santidade escrevestes, e me ele dyz em seu breve receber de Sua Santidade muitas merces, todavia vos encomendo muito que tenhaes gramde cuydado em falardes nyso a Sua Santidade na maneira que levastes por vosa imstruçam e de procurardes quanto em vos for por impedyrdes a vymda do dyto nuntyo pelos gramdes imcomvenyentes que dela se podem seguyr lembrando vos quanto comvem procederdes em materia de tal calydade com toda boa industria e resguardo das pessoas que podem pretemder ou requerer a dyta legatya.

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