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Carta de Lourenço Pires de Tavora ao secretario Pero d'Alcaçova Carneiro

1559-Julho 5

o serviço del rey padece porque quando nom ouver al que mexeriquados he grande inconvenyente quanto mays que os ofycyays nom acabam de saber a quem ão dacodyr nem ousam determynarse e creo que o dyto senhor tomara inda dynheyros de que dyz que he em obrigação pelo servyço del rey e despachara correos e segundo entendo cuyda que pode estar com lycyta desculpa ate o dar da obedyencya que sera quando Deus quyser e a quem lhe aprover se ysto se vem a cuydar em consystorio tanto embaxador sera elle ate ese tempo como eu pelo qual vystos os andamentos do papa e como ysto vay a longua deve Sua Alteza escrever ao comendador mor que se vaa dando a rezão por onde antes o mandava que juntamente comyguo dese obedyencya e por ysto soceder doutra maneyra nom he necesaryo espere ese tempo e quanto a fazer lhe merce em seu requerimento yndo elle se tera consideração a tudo como vosa merce sabera melhor notar e nom lhe escrever outro nenhum negocyo senão que não tome ordenado nem dynheyro e ysto deve vyr com muyta brevydade por escusar paxoyns mas he este velhaquo tam desymulado e sofrido que nunqua quebrara comyguo se nom for pelo dynheyro que me pede pera a obedyencya e eu nom lho dou porque me parece que he roubar el rey tomalo tanto dante mão nom tendo esperança algua de a dar a este papa e avendo de esperar por recado de Sua Alteza pera a dar ao que soceder quando me ordenarem e mays tenho por certo que nom mandando el rey noso Senhor que espere este seu primo por este auto nom pode elle ser nelle por justiça nem por rezão yndo tanto a longa mandey lhe oje lenbrar por o que me trouxe o recado desta petição que elle me tynha muytas vezes dyto nom avya de fazer nenhua cousa sem lhe eu prymeyro dar dynheyro que como me dezia aguora esperava sedas de Florenza que pera este efeito mandara trazer e espos ysto o desenganey que eu nom tomaria nenhum dynheyro pera este caso ate nom ver com muita certeza o dia em que se ysto poderia fazer dyguo dar a obedyencya por

que afora ser erro fazer pagar a Sua Alteza caymbos de dynheyro tomado tanto antes da nececydade eu nom sabya quem avya de dar esta obedyencya avendo se de dar a outro pontifyce poys avya de pender da vontade delrey noso Senhor por tanto que ynda que eu estava prestes pera yso nom tomarya dynheyro de Sua Alteza pera mym ate nom ver o efecto do que dezia e por vosa merce nom fycar com escrupulo de cuydar elle tera feyto gasto ou mandado vyr o que dyz sayba certo que nom he elle tam antecypado e que dyz ysto pera ver se me pode obrigar e amenhã me mandara dyzer outra cousa.

que

Quanto ao que se podya dyzer ao papa ou mandar dyzer en efycacya e resentymento de nom ter comyguo alguns comprymentos devidos a el rey noso senhor poys mostra que tem achaques pera me nom ouvyr: com todo outro princype entendo se podera yso fazer e ja agora com muyta rezão mas este Senhor nom tem nenhua e segue hum estilo novo em todas suas cousas e tem vea de furioso e pela mesma rezão que eu sey sofrerem no os cardeays em tanto dano publyco devemos nos ter pacyencya e fazer que estaa muito mays mal desposto e fora de sy e esta desculpa tenho pera lhe nom ter ja feyto hua protesta a porta da camera e aguardo de ora em ora o que este sacro colegio tanto deseja: tenho vysytado privadamente todos os cardeays de inportancya e dyto tenho cartas pera elles que guardo pera depoys que der a de Sua Santidade de todos sou bem recebydo e parece me que terey amyguos e asi farey que o sejam do servyço del rey quanto a Ytalya se premyte. Grigorio Botelho escrevera a vosa merce o que pasa do dynheyro que tem o comendador mor e desa maneira tem outros de partes e por esa regra cuyda farey eu o mesmo no del rey e se o elle nom der nom faltara qua dynheyro pera em tudo o que comprir: tenho falado tanto no que toca a vosa merce que nom fyca papel nem lugar pera o que me cumpre mas em soma dyrey que sem favor e muyta merce de Sua Alteza eu nom poso sofrer Roma porque me tem escaldado o mays bravamente que pode ser e por vyda de meus filhos que procuro toda moderação em meu gasto e com tudo yso farey a despesa ordinaria de todo este ano a mynha custa porque o que monta no ordenado e muyto mays de mynha casa he gastado depoys que nesa cydade me comecey de aperceber e sayba vosa merce certo que vou tam registado que nom pode ser mays, a Senhora dona Caterina beijo as mãos e nom sey como tomara nom lhe escrever perdoe me por amor de Deus porque en cousa sua nom tenho inda nada

que dyzer como desta se pode entender: beijo as mãos a vosa merce de Roma v de julho 1559-Servidor de vosa merce-Lourenço Pires de Tavora.

Qua ha hum Antonyo da Fonsequa que pera homem da sua nação e com ofycyo de banqueyro tenho por bom homem entendo que he servydor de Vossa Merce e que estaa prestes pera o que compryr e quando me parecer o contrario dele ou doutrem tambem o dyrey.

Davysos do mundo pera el rey noso Senhor nom trato porque cuydo o faz o comendador emquanto daa a entender que he enbaxador por nom dyzermos ambos hua cousa poys ambos temos os mesmos acabem de mandar hum correo e entender nos ão e se quyserdes que o mande preso seram vosas merces bem servidos.

E quanto ao que elle dyz que deve nyso me nom entremeto porque são tays os gastos de Roma que se pode muy bem crer a quem nela vive que podera dever muyto1.

Carta do commendador-mór a el-Rei

1559-Julho 5

Senhor Ja ha dias que screvi a Vossa Alteza por via de Genoa como stavão seguros os mosteiros de Carvoeiro e Tibães e a diligentia que fizera com o cardeal de Napoles, e ate gora nom acabei de dar concrusão a isto, porque de la se screve que o bispo de San Tome he vivo, e asi spero que Vossa Alteza me mande o que neste caso ei de fazer, e sendo fallecido, sera necessario que Vossa Alteza ordene que se me mande credito para prometer por tres annos polla penssão que se asentar ou veja Vossa Alteza se manda que a extinga se puder, mas nom na querendo extinguir sera necessario este credito.

No mosteiro d Ansede screvi a Vossa Alteza o que passei com o car

1 Dous fragmentos de uma carta, de que falta o principio, no Arch. Nac., Corp. Chron., Part. 1., Maç. 103, Doc. 96 e 97.-Sobrescrito: Ao Illustre Senhor o Senhor Pero d Alcaçova Carneiro do Conselho de Stado del Rey nosso Senhor e Seu Secretario etc. meu Senhor.

deal Carrafa muitos dias ha, e os passados mandei a meu filho a copia da police que me elle mandou n este caso para mostrar a Vossa Alteza, e por cima de tudo eu digo a Lourenço Pires que siga a ordem que lhe Vossa Alteza deu da união com Sua Santidade que fazendo sse por mim nom ficara de ser servido, que dar sse este mosteiro a mendicante he por demais, e cuido que o cardeal Iffante voso tio tem as cousas que o papa nom quer passar e creo que nellas deva star esta, porem Vossa Alteza ordenara o que for servido, que nisto e em tudo o que eu tenho ei de seguir aquillo que Vossa Alteza me mandar e for mais seu gosto, porque fazello a Vossa Alteza sera para mim grande dita, e asi quando Vossa Alteza me fizer merce de mandar dar ordem que me possa ir servir Vossa Alteza farei o que neste caso for necessario, e noso Senhor a vida e real stado de Vossa Alteza por longos annos guarde e prospere e a seu santo serviço acrecente como deseja e eu peço a Deus de Roma a 5 de julho de M.D.LIX.

As reaes mãos de Vos alteza beyja-O comendador mor dom Affonso1.

Carta do commendador-mór á Rainha D. Catharina

1559-Julho 5

Senhora-Porque Vos alteza entendera ho que por estas partes pasa e se sabe doutras pelo que Lorenço Pires embayxador de Su alteza The escrevera escusarey fazel o eu e poucos dias ha que escrevi a Vos alteza lenbrando lhe quanta razão seria que fose eu de ca doutra maneira que ha que vejo pela carta de Su alteza asynada por Vos alteza poys al merecem minhas obras a vertude de Vos alteza que em tenpos pasados tanta vontade mostrou de me fazer merce nas que me fez e poys da minha nom ha demeritos antes serviços tão calificados que nom sey eu quem fizera ametade deles que se achara no cabo com ser ho galardão aver destar aislado como estou de nesecidades e não por desgovernos meus senão pela malygnidade dos tempos alem dos trabalhos e perigos de vida

1 ARCH. NAC., Corp. Chron., Part. 1., Maç. 103, Doc. 95.- Sobrescrito: A el Rey Meu Senhor.

e onrra a que estive arriscado por serviço desa coroa e del Rey que aja gloria e sempre com carestias e gueras com que servindo sempre nom me acho senão com aynda nem pera vender minha fazenda que ouve com minha molher tenho licença que ate gora nem eu nem meu filho pudemos medrar nem tam somente estar nos lyvros de Su alteza nem poder se me dar ordem pera com mynha honrra sayr daqui cuydando ho mundo que podia ser nom soo co ysto senão com ho galardão que minhas obras merecião e não que me fose tão desabridamente que nom sey como são vyvo, e quanto eu isto menos esperava de Vos alteza tanto mays me doe e me mete em mor confusão pelo qual nom deyxarey de confiar na muyta vertude de Vos alteza que husara comigo conforme a ela e a sua Real condição e asy que querera que se me faça a merce que merece esa sentença que envyo a Su alteza que ouve contra ho capitulo de Lixboa achando. este negoceo como ho achey e a maneyra de que ho governey como mays largamente escrevo a Su alteza e peço por merce a Vos alteza que se persuada que toda a que se fezer a saberey servir a Vos alteza e que aynda que posa tam pouco são pera cuydar Vos alteza que nom sera em mim mal empregada a que se me fizer e com confiança de que Vos alteza usara comigo de sua real condição me sostentarey pedindo a noso Senhor que a vyda e real estado de Vos alteza guarde prospere e acrecente com aquela consolação e contentamento que Vos alteza deseja e eu peço a Deus de Roma a 5 de julho de 1559.

As reaes mãos de Vos alteza beyja-O comendador mor dom Affonso1.

Carta do commendador-mór a el-Rei

1559-Julho

Senhor-Eu stava inclinado a mandar fazer hua vantagem de Lião com esta sentença das dizimas dos pescados, e porque neste meo veo aqui hum criado do conde d Altamira que vay em posta a Valhadolid por certos negocios seus porque o conde tem licença del Rey para se yr a sua casa ordeno ali que se despache a meu filho hum correo da pee as vinte legoas porque me disserão agora que no Algarve começavão a demandar

1 ARCH. NAC., Corp. Chron., Part. 1.", Maç. 103, Doc. 99. - Sobrescrito: Á Rainha Minha Senhora.

TOMO VIII.

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